12 – A ordem das coisas

Sendo a reencarnação o fundamento da trajetória evolutiva da humanidade e segundo os profitentes da mesma, esclarecedora do conteúdo hermenêutico dos ensinamentos do Nazareno em moldes raciocinados, portanto científicos, temos por conseqüência que os mesmos serão essencialmente evolucionistas. Ao dizermos, da reencarnação e evolução, devemos ter a cautela de não colocá-las em conflito com a essência evolutiva de tais ensinamentos, permitindo que princípios formativos da nossa concepção religiosa ou filosófica interfiram de maneira a torcer ou convencionar a lógica, não vindo a constituir um sistema sectário, de per si inócuo, por ser confuso.

É preciso fazer com que o reencarnacionista encontre na doutrina e não no homem Jesus, o “caminho, verdade e vida” e que, seguindo essa doutrina em busca da verdade nela contida, pela compreensão e ação, chegue à tão almejada liberdade, objetivo da própria vida sócio-cultural moralizante para o que se faz justa a anteposição da escola ao templo. A doutrina nos responsabiliza pela busca da verdade indicando o caminho que são os seus preceitos dentro dos normativos sócio-culturais-moralizantes.

No evangelho, dentre procedimentos tidos hoje como naturais e humanos, encontram-se ensinamentos relativos ao comportamento apostolar, condizentes com a época e parábolas profundamente sócio-evolucionistas, relacionadas a toda humanidade e não ao indivíduo, estando por princípio desassociado da mística religiosa sectária.

Não sendo o Nazareno um circunscrito, mas evoluto-universalista, jamais concordaria com que os conceitos por ele exarados viessem a receber a estreiteza de uma denominação como sói ser o cristianismo.

Temos, pois, uma concepção puramente humana e fracionária. Os ensinamentos nazarênicos constituem os fundamentos da mais elevada ciência evolutiva do homem na Terra e como tal, quando não intencionalmente deturpada, dificilmente será compreendida no seu lacto teor, por mentes ainda que cultas, sujeitas à influência místico-religiosa, embora reencarnacionistas. Não bastasse esse obstáculo, eis que vem surgindo uma legenda mais circunscrita e mais mística como seja, “espiritismo-cristão”, que não tem a sanção da humanidade desencarnada, consciente e responsável.

Vale ressaltar que a manifestação da parte desencarnada desta mesma parcela da humanidade agregada à Terra, nada mais visa senão a conjunção de esforços para que o processo evolutivo não venha sofrer, como tem acontecido no transcurso do tempo, uma oscilação negativa, equivalente a uma solução de continuidade promovida por interesses também negativos, quer políticos, religiosos ou humanos.

Enquanto persistir a teimosia infantil do homem em erigir templos, promover cultos, insuflar em mentes submissas a vaidade da evolução individual em detrimento da cultura e moralização do todo, fundamentos da sociedade cooperativista consciente espontânea, o que vale dizer fraterna, estará retardando seu próprio progresso.

O que não se faz pela inteligência, pela espada se faz. Assim sendo, terá que continuar pagando o elevado preço dos eventos históricos, em lutas renhidas na busca da condição de SER para evoluir.

Como o único testemunho vivo e real da evolução do homem é a sua própria história, o quadro que nos apresenta em nada contradiz o exposto.

Cumpre, pois, entender que o manifesto do extra-corpóreo, extravasa os limites das denominações; é independente, amístico, fundamentalmente universal, evolucionário e científico cultural.

Para que fique bem claro, reportemo-nos ao próprio Evangelho, à mulher samaritana e aí começa a fraternidade universal, que é complementada: “virão do oriente e do ocidente…”. Pelo mesmo princípio, visando os mesmos objetivos de confraternização universal, geratriz da liberdade, base da evolução que foge ao divisionário evoluto convencional.

O que não deve continuar no seio reencarnacionista é a ausência de princípios sócio-culturais-evolucionistas para que o esforço do mundo extra-corpóreo possa encontrar ressonância no corpóreo.

Urge, pois, a união em torno dos princípios racionais e realistas hoje, agora, aqui.

EDUCAR ANTES, EVANGELIZAR DEPOIS. Terá então o Espiritismo iniciado a gigantesca tarefa que lhe cabe na face da Terra.

 

 

Irmão Anthero

(recebido por via mediúnica)