17 – A beleza das flores e o amor

Em cada flor há uma estrofe do cântico divino,

Em cada cântico sempre existe um hino!

Aprendamos a sentir Deus. Aprendamos a ver, a acariciar na prece terna e amiga, o Deus-simplicidade que nos rodeia. Aprendamos a poesia divina na flor que encanta a paisagem. Aprendamos a ler e a entender o livro imenso escrito em vivas cores na própria natureza.

Há os que buscam Deus nos templos, nas entrelinhas das leituras difíceis, no emaranhado das filosofias estonteantes, no mais difícil. Por quê?

Sentir Deus em tudo não é utopia. Quando o homem começar a entender as flores, começará a entender Deus. Quando o homem começar a entender as vibrações de toda a natureza, penetrará no âmago do Criador.

Quem não se encanta ao admirar a flor humilde, singela e não sente a sua poesia? É emocionante sentir no canto das flores o hino de amor a Deus. Por que os grossos tomos impregnados de conceitos de um Deus distante?

A alma simples encontra Deus nas coisas simples. A alma pura encontra Deus na pureza das próprias coisas. Não faz de Deus um ser à parte do seu próprio íntimo. A alma boa encontra Deus na harmonia da bondade. A alma doce encontra na doçura de um sorriso amigo, o próprio Deus. Então, Deus é o que nós somos nas vibrações sutis das emoções.

Infelizmente esta poesia divina escrita no esplendor da própria vida, é sobrepisada porque o homem não se contenta com o paraíso que o rodeia. Mesmo aqueles que querem se aperfeiçoar na espiritualidade, que querem galgar os degraus da sublimação, ainda permanecem cegos e surdos ao princípio, aos portais, ao começo do paraíso interior, que é a contemplação das belezas de tudo que nos rodeia.

Se não somos capazes ainda de sentir a emoção da poesia da flor, como temos a pretensão de querer sentir a poesia grandiosa na emotividade da espiritualidade superior?

Aprendamos a sentir Deus nas coisas pequeninas, humildes e simples. Aprendamos nas primeiras lições a presença do Pai.

Falamos em perdão, em amor, em caridade, em doçura, em bondade, em tudo menos como entender Deus, o supremo Senhor das coisas. As emoções da alma não estão desassociadas das coisas belas que Deus criou.

Há pessoas que buscam além do túmulo uma beleza que não conhecem, e não são capazes de observar, de sentir e viver as belezas que as rodeiam agora.

Por que teria Deus criado a flor? Para ser colhida e enfeitar as ocasiões festivas? Ou para disfarçar a expressão de um cadáver? Não. Deus criou a flor, colocou-a nesta Terra, para aqueles que pretendem senti-lo e conhecê-lo, para iniciarem pela observação, pelo amor, pela compreensão, pelo entendimento, não só da forma, da cor, do perfume, nestas sublimes leis que regem a própria natureza.

Como pode o homem entender as leis superiores da vida se não é capaz, em que pese a soberana espiritualidade que possui, de entender as leis primárias? Se não é capaz de sentir, de observar e dizer: “Deus, por que criaste esta flor? Ensina-me qual o objetivo dela existir. Por que enfeitas assim o mundo, Senhor? Será só para que eu me encante? Não. Será para que eu te entenda através dela? Sim. Então, explica-me pelas vibrações superiores. Dá-me o conhecimento do porquê destas leis matemáticas, perfeitas, objetivas da criação!”

Há a pretensão de que muitos cheguem a ser até auxiliares do próprio Pai na criação de planetas maravilhosos. Como a humanidade vai longe, deixando para trás um vácuo, um vazio, um perigoso abismo? Então eu serei um daqueles espíritos maravilhosos que ajudam a criar os mundos, que condensam a matéria, a força, transformando-a em matéria, e não procura entender desde já a magnitude da criação na simplicidade que o rodeia?

Importa ao homem buscar o “céu” nas coisas simples, o entendimento nas coisas pequenas, aprendendo a ler neste livro extraordinário que começa na criança, no berço e termina no túmulo. Está é a primeira página. A segunda começa na pedra e termina na imensidão do espaço. Esta é a oração, a adoração. Este é o amor. Este é o interesse pelas coisas de Deus.

Por que partir para as obras e realizações frias, sem a emotividade de sentir as belezas de Deus em tudo que pratica, que vê, que conhece? É uma exposição clara de egoísmo incontido.

É preciso alienar do espírito, e o quanto antes, este egoísmo inconsciente de conseguir alguma coisa através da fria realização. É preciso que a alma construa! Que o espírito realize! Junto com a argamassa vai o amor. Junto com o pão vai o carinho sem a pretensão do retorno lucrativo em forma de bênção. É muito fácil dar o pão porque um pouco basta, mas dar o amor e a compreensão, é muito difícil, pois sempre aquele que recebe amor e necessita de amor, é insaciável.

Dar o pão é fácil porque advém do trabalho, da luta, daquilo que sobra, porém dar amor é difícil, muito difícil. E por que é difícil dar amor, compreensão, carinho, paciência, solidariedade? Porque isto não advém do trabalho, do suor do rosto, do dia-a-dia, mas advém justamente dessas observações de Deus nas coisas simples para a modelação do espírito numa estrutura firme de compreensão do Pai, numa fé soberana fundamentada na certeza absoluta de que só a bondade gera a bondade. “Ninguém irá ao Pai senão por mim”. Não é pela figura do Mestre, mas pela sua doutrina, não aquela doutrina praticada num círculo estreito de realizações geladas.

Jesus disse: “Amai-vos uns aos outros”, e quem tem amor para dar? Temos pão, roupa, agasalho, tudo menos amor, que é o fundamento de toda realização espiritual. Toda doutrina tem que ser fundamentada no amor, no desprendimento, no ser pelo ser, no amar para amar.

Somos capazes de dar a uma criatura tudo que seu corpo necessita, dos pés à cabeça, inclusive o alimento, o médico tudo, mas se nos pedir um grama de amor, talvez não tenhamos para dar.

No Evangelho de Jesus Cristo fala-se em vestir os nus, em dar de beber a quem tem sede, dar de comer a quem tem fome, de visitar os enfermos e os encarcerados, de tudo enfim, resumindo a sua essência no “amai-vos uns aos outros”.

A criatura faz tudo o que o Evangelho ensina, menos o essencial! Afinal de contas, onde está o valor de tudo isto? Obras sem amor! É preferível amar sem obras do que obrar sem amor, porque quem ama faz as obras de maneira inconsciente, sem se aperceber delas, sem tomar conhecimento do que fez, sem contabilizar os seus atos espirituais.

Ninguém chegar ao estágio do amor se não procurar sentir na simplicidade das coisas, o eterno Deus criador de tudo.

O grande mal está em ultrapassar a meta primária, em deixar as minúcias, as parcelas para observar já o total espiritual. Este é o mal! Este é o grande erro! A criatura quer já o todo.

É preciso entender que se não tivermos amor às coisas pequenas e simples, como poderemos ter amor às coisas grandes e elevadas?

Tudo que for realizado, que tenha como único objetivo o esquecimento. Na erraticidade não há mais lugar para tantas pessoas religiosíssimas que, através das suas religiões, deram esmolas até não mais poder, contudo estas esmolas não passaram de esmolas, fizeram “pedra sobre pedra”, apenas e nada mais. Muitas vezes, até reencarnacionistas projetaram-se no cenário das realizações sem sentir que aquilo não passava de um exercício para a sua auto-realização. Fazer não importa! Importa porque fazer!

Convém buscar com afinco a única verdade que poderá ser convertida no máximo de felicidade aspirada pelo espírito, que é o amor. Dê em cada pedaço de pão o invólucro do amor profundo e do carinho sincero, indo aos baixos da espiritualidade na Terra. Arranque seus irmãos do lodo e da miséria moral e material. Dê mais amor do que pão!

Há pessoas profundas conhecedoras das versões espiritualistas e quiçá, reencarnacionistas, que alimentam um desejo extraordinário, louvável até certo ponto de, se possível, quando na erraticidade, fazer parte das equipes que baixam ao “Umbral” em busca de irmãos infelizes. Mas, não existe um “Umbral” na Terra? Não existem irmãos infelizes na Terra? O que é que lhes tolhe de praticar atos idênticos aos da erraticidade? Ou supõem que esta tarefa é muito simples?

Procure o “Umbral” encarnado se tem vontade de espiritualizar-se! Se tem vontade de prosseguir nesta tarefa após o desencarne. Comece na Terra onde o campo é vasto, largo, pleno, eivado de espíritos famintos de amor, de elucidação, de evangelização, e menos de roupa, de pão. Não espere passar para a erraticidade para começar com o espírito de alta evolução a pertencer à equipe, só porque conhece o Evangelho, porque realizou obras, ou porque freqüentou trabalhos espíritas… e tem a presunção de vir a ser um dos componentes da equipe que busca nas profundidades do “Umbral”, espíritos menos evoluídos! Amarga ilusão!

 

 

(recebido por via mediúnica)