35 – Progresso espiritual

O avanço não determina um ponto, pois quem está avançando, não está em uma meta alcançada.

O importante é sentir o valor do trabalho, a beleza do plantio, o vigor da estruturação da qual resultará o verdadeiro fruto do labor coletivo numa comunidade espiritual. Para isto é necessária a união de todos, pois a prática do Evangelho é trabalho, compreensão e esforço contínuo na remodelação na qual Jesus é tido e havido como luminar, e os seus reflexos atingem a todos e a todos fazem com que sintam o vigor e o desejo de trabalho.

Beneficiar-se do labor alheio é ilícito.

Como podemos entender que um espírito pretenda mudar-se para um ambiente e dele usufruir paz, compreensão, amor, se está apenas desfrutando dos benefícios? Isto considerando-se que o ambiente prevalece até certo ponto.

Não se justifica que todo espírito evoluído viva na penumbra, pois o interior faz o exterior, sendo que as vibrações interiores dos espíritos mais evoluídos ajudam a criar e a manter o ambiente que lhe é agradável e confortável no seio da sociedade em que vive.

Como pode o espírito encarnado que ainda não conseguiu melhorar o seu próprio meio de vivência na Terra, onde virá e voltará a reencarnar, ter a pretensão de ir para um núcleo maravilhoso, permanecendo lá séculos e séculos?

Não é possível, pois somente quando todos os espíritos estiverem num ambiente e aptos a passar para um de nível superior, terão o direito de usufruir dele, porque estarão à altura de construir um ambiente melhor do que o da Terra, mas primeiro é preciso melhorar o deste planeta.

Já se fala no Terceiro Milênio, e perguntamos: Quem fará o Terceiro Milênio? Será que Jesus vai reencarnar outra vez, ser crucificado, trazer um Evangelho remodelado e invalidá-lo?

Estas são perguntas que o espírita, o reencarnacionista tem que fazer, não lhe assistindo ainda a pretensão de viver num lugar que não seja a própria Terra, por enquanto, mas tendo que ir e voltar no trabalho da modificação deste ambiente.

Aí entra o verdadeiro papel do reencarnacionismo, ou seja, do Espiritismo, ou ainda, da manifestação do invisível e, agora, já de forma coordenada, a que denominamos de “codificação”.

Esta manifestação não foi em vão, não visou demonstrar a ninguém a existência da reencarnação, porque ela já era conhecida de milênios, porém foi uma “revelação” de forma ordenada e com um objetivo definido, o que antes não ocorria, pois havia demonstrações esporádicas pertencentes ao sentido hermético, mas agora generalizou-se, portanto, não foi só para consolar e dizer que a reencarnação existe.

Muitas religiões pregam a salvação, a ida para o reino dos céus, porém o que se pretende esclarecer é que este reino deve ser estabelecido no meio em que a criatura está reencarnada e no qual tem oportunidade de se preparar para a vivência amanhã em outro ambiente mas, por enquanto, este é aqui na Terra, cabendo aos homens reencarnados a responsabilidade da transformação, da modificação deste ambiente melhor, onde estará à altura de desfrutar licitamente o trabalho alheio.

Para conseguir isto, é preciso cooperar com os demais, no sentido profundo de um trabalho para modificar o ambiente onde está encarnado e, não pensar em si próprio apenas, em evoluir, em progredir…

Jesus não disse: “Amai-vos a vós mesmos”. Não. Jesus disse: “Amai-vos uns aos outros”, portanto, está implícito que aqueles que já têm conhecimento, que não são cegos, têm que ir em busca dos outros.

Falam tanto no “Terceiro Milênio”, mas ele não virá de graça, precisará vir do espaço plêiades e mais plêiades de varões de “barbas brancas” para modificar o ambiente da Terra com sua bondade, sua pregação.

O “Terceiro Milênio” será uma maravilha, dizem muitos, mas pergunta-se: A quem compete construí-lo, senão aos homens, através das vidas sucessivas, lado a lado, irmãos com irmãos e não, gozar o trabalho alheio, o que é ilícito? O espírito tem que lutar neste meio, elevando-se e elevando também o seu irmão.

É preciso derrubar os princípios empíricos de páramos celestiais e dizer: É  aqui na Terra, sob a égide de Jesus que este trabalho terá lugar e não, deslocar a responsabilidade da criatura para um céu inexistente, admitindo o sentido de Consolador ao Espiritismo através de um princípio  veraz e comprovado por fatos, e dizer ao homem que o céu exterior inexiste.

O verdadeiro céu tem que ser construído na modificação do ambiente moral, pois não pode existir espiritualidade se não houver a base moral, a moralização perfeita do homem entendendo-se entre si na Terra, na carne, e estarão aptos a um novo estágio como princípio de evolução.

Existem espíritos que, embora já estejam mais evoluídos, estão ansiosos para reencarnar, porque compreendem que ainda não têm o direito de estacionar, pois lhes compete participar da construção do Terceiro Milênio. São tão responsáveis como também somos todos nós, já que compete ao homem amar o seu próximo ainda na Terra.

Jesus veio até nós com a responsabilidade de conduzir os homens pelos caminhos retos da evolução, embora não precisasse mais reencarnar. “Amai-vos uns aos outros tanto quanto eu vos amo.”

Cumpre, portanto, aos espíritas, aos evolucionistas, deixar arrefecer um pouco essas concepções de ir para o espaço em busca de núcleos e lares maravilhosos.

O princípio fundamental é a indicação da evolução e o segundo, é o desiderato quanto ao princípio de trabalho para se conseguir a evolução, a união de todas as criaturas em torno do objetivo comum, a pregação do Evangelho no sentido de moralização da criatura na face da Terra.

É um crime iludir o homem com um céu em que nem o próprio pregador crê. É um crime dizer a uma criatura que ela é candidata à “paz eterna”, retirando-lhe toda a responsabilidade com relação aos seus irmãos.

 

Irmão Anthero

(recebido por via mediúnica)