40 – O racional e o irracional

Diariamente ouve-se a afirmação que toda criatura age em função de um motivo. Toda atitude humana prende-se ao fator motivação que, na maior parte das vezes, se deve à aquisição de alguma coisa, seja de ordem material ou espiritual. Portanto, tudo se fundamenta no motivo, e isto observamos também nos seres inferiores ou irracionais. Sentimos o que podemos determinar como uma necessidade básica, ou seja: fome, sede, frio, calor. A tendência do irracional é buscar um antídoto imediato. Se tem fome, sacia-se. E assim, com todos do mundo chamado irracional. Estamos num campo primário das reações de ordem biológica.

Qual é a reação do homem racional neste mesmo campo? É a mesma: de fome, sede, frio, calor.

O antídoto imediato é fazer de tudo para que não exista a fome e desapareça o mal estar, a sensação dolorosa. Tudo isto não destaca o homem do irracional. Por que então, portarmos o orgulho e a vaidade, se no sentido biológico, físico, as reações são as mesmas? Há, portanto uma aproximação do homem ao irracional. Tratando-se dos reencarnados na Terra, isto é natural, já que seu corpo é igual ao do irracional. Já nos planetas de ordem superior, isto seria uma correlação, porquanto os espíritos neles reencarnados, não têm a necessidade de manter o aspecto físico exato ao do irracional, pois a matéria já não mais passa por essas necessidades físicas.

O aprimoramento científico destes planetas é de tal ordem que o alimento ingerido por uma criatura durante um dia aqui na Terra, traduzindo em linguagem científica, naturalmente que não é aquele alimento extraído da terra, mas condensações para a manutenção das células delicadíssimas daquele corpo,é suficiente para mais de um ano para a vibração celular do organismo semi etéreo destes planetas superiores.

Partindo deste princípio comparativo, temos um gráfico que distancia bastante um mundo do outro. O ápice deste gráfico foge um pouco à concepção terrena,todavia se voltarmos à escala, encontraremos na mesma horizontal, no que se refere à questão biológica, o racional e o irracional pisando no mesmo terreno.

Outro sentido de comparação é o da proporção entre ambos. Estas necessidades são tais que ultrapassam a barreira da carne propriamente dita e avançam, durante longo período, na atmosfera espiritual da Terra. Por isso fez-se necessária a existência de núcleos, de colônias, de um campo de trabalho de semelhança material nítida e até palpável. Devemos aceitar, dentro da limitação terrena a expressão: “Vida aqui, vida lá”.Não vamos englobar no sentido comum uma expressão mais elástica que possa transcender a espiritualidade elevada esta expressão: “vida no espaço, vida na Terra”. Percebemos assim quanto a criatura é próxima do seu irmão menor, seja de qualquer espécie, porque em todo ser vibra Deus. É uma concepção mais profunda que não limita Deus.

Se não fosse o espírito já desperto para a razão, seria inexistente a diferenciação entre racional e irracional. O corpo é dependência do espírito e não este uma dependência da matéria. Assim, passamos a nos valorizar mais como espírito, como essência e a sentir o mundo físico no plano secundário. Passamos a afirmar já com consciência de causa: “eu sou espírito, sou alma”. Parece que ai há um senso de liberdade para a criatura humana.

Analisemos sob outro aspecto, o único fator que diferencia o racional do irracional, ou seja, a busca de algo que o mundo não pode dar :a fome de liberdade,a sede de amor. Esta motivação é mais forte e quase foge ao sentido “Terra a Terra”, distancia-se incomensuravelmente dos impulsos. Não existe coisa mais sublime. O importante é que esta fome não pode ser saciada, mitigada senão pela própria criatura. Não há plantio nem colheita, porque já existe em cada uma a semente pronta e preparada para rasgar a terra e crescer. Cabe a cada um saber como fazer para que isto venha a acontecer, dependendo, logicamente, do trabalho e esforço próprios.

 

Informação Científica e Vida Sensorial

A informação científica não deve ser confundida com vida sensorial. Enquanto a informação, os conhecimentos vêm de fora para dentro, no espírito é sua propriedade, faz parte integrante do seu pensamento comum, é o seu intelecto, é o armazém do saber. A vida sensorial não depende da caça, do plantio ou da fonte de água pois ela já é, já existe em cada um, depende de que a pessoa a traga para o campo das motivações e faça com que aflore com a personalidade espiritual. Quem pode censurar a liberdade de um sentimento da criatura? Quem pode proibir alguém de sentir ódio, amor, compaixão pelo seu semelhante? Posso livrar-me do frio, agasalhando-me, ou da fome, alimentando-me. Podem negar-me tudo, deixando-me sucumbir à míngua pela falta destes elementos básicos à vida animal, mas ninguém pode tirar-me a vida espiritual de amar o meu próximo porque o espírito é livre vive como quer. Eis aí um principio de liberdade, de livre arbítrio no seu sentido implícito e explicito,porquanto a vida sensorial, a interior, a do espírito, não conhece barreiras à sua liberdade. Aí é que se desenrola a beleza da bondade de Deus.

O espírito pode ser muito feliz, depende do valor que der à vida espiritual e, em espírito, cada um é o que quer ser, não é escravo de ninguém. “Não temais  aquele que mata o corpo e nada pode fazer”, conforme expressão de Jesus.

O reencarnacionista deve, sobretudo, sentir e fazer com que esta chama seja sempre incandescente dentro de si, sentir o sol da liberdade espiritual e ser aquilo que quer ser e não aquilo que a imposição da sociedade ou outros impulsos, façam parte do ser viver, aproximando-se da irracionalidade. Deve ser porque é, ser pelo ser e não porque é obrigado a ser.

Há outra concepção que traz um senso de independência ainda maior. Longe dos títulos religiosos e de qualquer conceito filosófico, o espírito pode doutorar-se desde que compreenda que é um espírito e que sua vida espiritual, sensorial, não obedece a leis nem do próprio Criador. Aí sim, ajusta-se a expressão do livre arbítrio você é aquilo que quiser ser, embora muitos ainda estejam acorrentados a concepções menos elevadas, ungidos aos interesses imediatos. Aqueles que ainda não compreenderam Jesus.

Há muitas criaturas que estão à mercê dos impulsos básicos e animais da fome, da sede, do frio, a quem queremos de qualquer maneira converter em Seres livres, o que seria prêmio, mas no sentido animal. Como dizer a estes seres que eles são livres, que algo melhor os espera?

O princípio da caridade é sentir o seu irmão como criatura humana, espírito como todos nós, sem o que não existe fundamento, base para o início da construção. Como falar em liberdade a quem é preso da fome, da ignorância? É preciso sentir um pedaço de Deus em nosso irmão, porque uma corrente é formada de elos e, se faltar um deles, será apenas um segmento e não uma corrente. Como chegarmos a Deus, querendo alcançar o segmento da beleza da vida, esquecendo o elo básico que é nosso irmão, tão recomendado por Jesus?

Importa que toda pessoa passe a olhar não só para o “céu”, mas também para a Terra, que não fique como despreocupada na senda da existência a olhar as estrelas no paraíso que se pretende conquistar não se sabe como.

Os que portam o título de “cristãos” não devem agir isoladamente, mas na vida de espírito para espírito, e que exista o primeiro a ter coragem de dizer. “Eu quero ser irmão de todos”. Onde está esta coragem? A pessoa sempre espera que queiram ser seu irmão, mas não é capaz de ir até ele, de ter a coragem de ser humilde e aceitá-lo como ele é fundindo com ele o sentimento de amor.

Espírito é vida, vida é espírito e toda vida, todo espírito não ultrapassam os limites do campo sensorial do interior de cada um.

A verdade é o rolo compressor que não pode ser contida. É o sol que ilumina indistintamente.

 

(recebido por via mediúnica)