65 – A Lei de Deus

O QUE É A LEI DE DEUS?

Será o que nos apresentam os espiritualistas no campo material, através da esmola, caridade, benemerência de toda sorte, remendando as deficiências sociais e não propondo a reestruturação desta sociedade, para que os carentes, que contribuem com seu quinhão de desgraça para o crédito espiritual dos caritativos, passem à condição de próximo, conforme estipulada no Evangelho? A esta condição de próximo, entendemos como condição de igualdade.

A lei de Deus estará restrita a essa falta de mérito moral? Será este processo o endosso à continuidade do desnível e consequente desgraça, cujo amenizar temporário constitui a vigência da lei de Deus? É esta a lei que o espiritualista deve cumprir no meio material? Esta tendência não liberta nem a justiça social, que dirá a lei de Deus!

Dizer que a lei de Deus implica em aceitar e viver a nudez, a fome, a ignorância, a miséria de qualquer natureza, com a mais santa e dúlcida paciência, é desconhecer o desejo elementar de justiça da criatura humana. É também desconhecer os efeitos visíveis e palpáveis daquelas condições de miséria e desgraça que se apresentam através dos crimes, vícios, prostituição, alimentados pelo ódio inconsciente, natural e justificável.

É desse campo e dessas condições que devem sair “as manifestações dos sofredores de além-túmulo”? Será?

Dizer “imutáveis” os efeitos de causas “mutáveis”, é não ter noção dos fatos e eventos que constituem a própria história. Causas “mutáveis”, segundo a época, o progresso, a intelectualização, bem confirmados ao longo da história, é desconhecer os acontecimentos constitutivos da própria história, é auto conflitar-se desde o alicerce.

Admitir essas manifestações dos “espíritos sofredores” é, sobretudo, não entender o Evangelho em sua verdade sócio-evolutiva firmada no episódio que esclarece esta condição, no batismo de Jesus.

Naquela oportunidade do batismo do grande Mestre, João diz:

-Eu deveria ir a ti e tu vens a mim?

E o Mestre Nazareno responde:

-João, “por enquanto” é necessário se cumpra toda a justiça.

Por enquanto, considera-se uma “justiça transitória”, com a qual se deve concordar por conveniência, mas que o tempo e o progresso erradicarão, substituindo-a por aquela proclamada no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”.

Vemos assim, que os efeitos e as condições daquele tempo serão outros, totalmente inversos, não dando margem à existência dos carentes, motivando o caritativo. Efeitos e condições transformando esses carentes em criaturas dignas e justiçadas, quando se consolidar o “bem-aventurados os que têm fome e sede….”

Mas, de que justiça o homem terá fome e sede, senão a justiça social? Será a Justiça Superior carente de retificação?

A continuidade dessa justiça humana no plano espiritual conforme a “manifestação dos sofredores”, estabelece um conflito com a Justiça Superior:a manutenção da injustiça humana em detrimento da justiça Superior.

Se os espíritos desencarnados sofredores são o resultado da injustiça humana, a Justiça Superior entra em demérito inquestionável.

Não serão esses “espíritos sofredores”, (quando não, puro animismo) em que pese a cultura que demonstram, os virtualmente condicionados pelo espiritualismo, quando na Terra, cujos reflexos se fazem sentir na exteriorização?

Há muito que ser comprovado, frente à realidade indiscutível em que vive o homem, como homem, na sociedade.

Isto significa que na espiritualidade , em nada se modifica o homem, senão através de muitos milênios e sempre com o haurido na Terra em termos de cultura, progresso e conceitos.

É para receber a nova mentalidade em consonância com o progresso e evolução, que existe a amnésia reencarnatória, além de apagar totalmente os laços de família, não permitindo o “ilhado afetivo” (entes queridos) em meio ao todo, para proporcionar condições ao fraternalismo social em regime cooperativo que, de futuro, esclarecerá a afirmativa do Mestre: “Quem são meus irmãos?”

Desde que na Terra venha a imperar a justiça dos bem-aventurados não dando margem ao competitivo e suplantação do mais fraco, gerando o ódio os consequentes crimes e outros desmandos, não haverá mais como entender, pela nova mentalidade, a manifestação de “espíritos sofredores”. Isto confirma que não se pode definir regras e seus efeitos numa época, para uma constante evolutiva, pois o quadro social se modifica em função de épocas e circunstâncias.

Disto depreende-se, pela razão e lógica, que os injustiçados que compõem a escala dos revoltados e degenerados, como simples vítimas, que o espiritualismo não reconhece, serão os futuros manifestantes “sofredores”.

Fica, portanto, em suspenso, a confirmação dentro da lógica humana, tanto a manifestação em si, quanto o seu conteúdo. Até que essa contradição ao Evangelho “Bem-aventurados os que têm fome” venha ser comprovada, continuemos com o enunciado pelo Mestre.

Só a estupidez pode considerar a vítima como réu, ainda que em consequência dos seus atos. É necessário considerar antes, não só a sua condição evolutiva, como também o meio em que está encarnado, onde atua, e isto constitui o que denominamos: “motivo do ato”.

 

CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI DE DEUS E A EVOLUÇÃO

Admitindo a evolução como resultado da vitória nas provas e expiação como consequência da derrota, e considerando que sob todos os aspectos houvesse igualdade de condições, o homem criado pela Inteligência Suprema, seria um submisso incondicional ao sadismo da origem.

Os que admitem o desequilíbrio biológico, enfermidades, como provas e expiações, ainda não alcançaram seu valor na sua essência como agente didático que aciona o raciocínio para funcionar no campo da análise e dedução, sobre uma razão teórica de experiência que leva à razão conclusiva, “fato”. Como “fato” torna-se benéfico na ordem orgânica material e, como teórica, desenvolve a inteligência.

É a reação da ação espontânea caracterizando a autoevolução, em que o livre-arbítrio desempenha papel construtivo e progressivo.

Vemos que a “reação” tem lugar no processo progressista realizador, no campo material e na dependência da ação do homem sobre as coisas.

Vemos também que a evolução do princípio inteligente, homem, efetiva-se em consequência do exercitativo mental, cujos efeitos práticos se traduzem no progresso social, material e ininterrupto, em todas as épocas e em qualquer lugar na Terra.

 

RESPONSABILIDADE  LEIS  SOCIAIS  LEI  DE  DEUs

O homem não se criou, mas de alguma forma foi criado e, como tal, é um efeito compulsório limitado e relativo de uma causa Suprema e Absoluta, que não consultou da vontade do efeito no ato da criação e assim apaga o sentido de responsabilidade do “efeito” para com a “causa”, visto que responsabilidade só existe quando aceita espontaneamente, com conhecimento e consciência do fato, mas limitada ao campo social pelo imperativo da intervivência e necessidade da sobrevivência. Por isto o homem vê no outro homem, um responsável em consonância com os preceitos que regem a sociedade, princípio do qual deriva a justiça humana dos tribunais.

São conceitos de nível humano, os quais face ao exposto, não podem ser extensivos ao relacionamento entre o Absoluto Criador e o relativo criado, isto é, entre Deus e o homem.

O homem aceita a responsabilidade nos limites de sua própria razão, ainda que estabelecida pela sociedade humana. E, quando não aceita, surgem as controvérsias originando a intermediação judicial. O jurídico não impõe a responsabilidade, mas esclarece pelo conhecimento e conscientização frente ao fator: é a tese.

Da transgressão das leis sociais sobrevêm as sanções  penais, o que se consigna como causa e efeito, e esta “causa e efeito” incide dentro de um ângulo específico possível, que considera a pessoa humana, circunstâncias e motivos, para depois aplicar as sanções dos códigos penais, não sendo, portanto, uma aplicação generalizada ou indiscriminada.

Ainda que se quisesse transferir o sentido jurídico humano ao plano superior e principalmente, a uma coletividade, encontraria no referido sentido jurídico, o obstáculo da análise racional sobre os fatores, bem como a diferença de planos conceptuais, aniquilando a pretensão no nascedouro

O respeito e obediência à lei caracterizam submissão mantida pela razão em potencial, jamais responsabilidade, porque esta é auto-concebida, de ação motivada pela razão e consciência dos fatos.

O que é a lei de Deus a ser respeitada e obedecida na face da Terra? Onde a descrição das contravenções específicas e as penalidades consequentes? A lei de Deus será o “amai-vos uns aos outros”?

A lei só é considerada cumprida quando a ação primar pelo completo e perfeito resultado, não admitindo meio termo e não consultando as conveniências ou limitações. Cumpre-se ou não se cumpre.

Sendo o “amai-vos uns aos outros” um objetivo a ser alcançado, logo, é dependente de um processo que movimenta intensamente um mecanismo de atitudes dentro das leis de exigência, sintetizado no “fazei a outrem na medida exata daquilo que para si desejais”.

Fazer implica em ação como consequência da exigência do processo. Essa exigência deve-se constituir de atitudes de fraternidade para a concretização do objetivo: “Amai-vos uns aos outros”.

“Fazei a outrem”, implica na busca da igualdade entre os homens e, para isso, devem concorrer os propósitos movimentados intensamente de acordo com os meios destinados à complementação do cumprimento da lei.

Sendo o “amai-vos uns aos outros” a meta cujo processo condutivo estreita-se inexoravelmente no “fazei a outrem”, entendemos neste processo, a ação do homem no seu campo operacional, ou sociedade, bem como dos meios ao seu alcance.

Tratando-se, porém, de “na medida exata do que desejais para si”, configura-se um processo para elevação de nível do MENOS para o MAIS, em que o outro é igual, em decorrência da ação.

Vemos, pois, que o ato de amenizar a deficiência temporariamente dos que têm “fome e sede”, permitindo a continuidade deste estado, não preenche os requisitos do estabelecido, e pó isto deve ser buscada a efetivação do objetivo e consequente cumprimento da lei.

O “amai-vos uns aos outros” não é lei, mas um objetivo,e o “fazei a outrem” também não é lei, mas sim, o desenvolvimento de um processo dentro de uma lei mecânica natural, que leva ao resultado normal. Assim como nas leis de química, física e outras, cuja dinamização dos diversos elementos componentes, em obediência às leis de operação, conduz ao resultado desejado.

 

ELEVAÇÃO  DE  NÍVEL  SOCIAL

Entende-se sob todos os aspectos a elevação de nível, o processo que propõe identidade de sensibilidade, dando ao “amai-vos” o sentido racional de reciprocidade. Elevação de nível que se concretiza na expressão de Mestre Nazareno “Virão do ocidente e do oriente”, eliminando as fronteiras geográficas da Terra.

Elevação de nível que consiste no enunciado: “Entenderão em espírito e verdade”, isto é, todos entenderão pela capacidade intelectual, pela inteligência e razão, bem como pela capacidade de fazer uso dos olhos e ouvidos sobre o valor dos fatos em sua essência, o que ficou claro na afirmativa: “Olhai os lírios do campo”.

Cuidar, portanto, do mendigo, permitindo depois que ele continui mendigo, não encontra eco no “fazei” a outrem na medida exata”, nem traduzirá o “ amai-vos uns aos outros”.

 

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A BENEMERÊNCIA

Tomando como ponto de partida a expressão de Jesus “ por enquanto”, no ato do batismo:

-João, por enquanto é necessário, teremos nesta expressão base para compreender o motivo dos pronunciamentos do Mestre através das parábolas, nas quais estão encerradas as metas a serem alcançadas pelo homem na Terra, bem como a maneira de agir que conduz a essas metas, e a aprovação da benemerência prevalecente na época.

Auscultando o sentimento que determina a prática dos ensinamentos evangélicos no presente, chegamos à conclusão de que vivemos e praticamos, na época do “Espírito da Verdade,” a mesma tolerância necessária naquele tempo, relativo à justiça, isto porque o espiritualismo pretende continuar como movimento de contemplação espiritual, profitência mística, e alicerce mítico, isto é, alicerce alegórico, separado das bases reais da evolução, que é o progresso material.

O espiritualismo é uma oficina de religiosos inconscientes, alimentados em sua vaidade pelos prometimentos elitistas e vivência no mundo espiritual conquistada pelos “merecimentos”, onde a esmola e a caridade constituem elemento operacional como processo único e prático.

Esta prática traduz com fidelidade o continuísmo da tolerância encerrada no “POR ENQUANTO”, aplicável naquela época e que tinha o sentido de “justiça transitória”.

O espiritualismo desempenha o triste papel de cúmplice com a injustiça social, porque aceita na prática, os mendigos, amenizando-lhes a desgraça temporariamente pretendendo que tal procedimento tenha o significado de amor ao próximo.

A esta prática caritativa, anti-cristã por excelência, inócua e negativa por base, é que se chama de obras, tendo como elemento operacional a vaidade de auto-sublimação e crédito aos “núcleos espirituais”.

Se o espiritualismo, inclusive o evolucionismo religioso, pretende méritos extraídos da exploração da desgraça, entra ao corpo social como verme a saciar-se da podridão cadavérica.

 

ANALISANDO  CONCEITOS  CONVENCIONAIS

Se o “Espírito da Verdade” apresenta como alimento da esperança de melhores condições além-túmulo e, como elemento de desempenho, a escória da sociedade, qual a verdade evolucionista e evangélica que há neste espírito?

Na realidade o “Espírito da Verdade” tem como medida de ação, a elevação da criatura humana à condição dignificante de igualdade, elevação de nível social do mendigo.

Sendo o objetivo a ser alcançado o “amai-vos uns aos outros”, somente possível pelo “fazei a outrem na medida exata daquilo que para si desejais”, como entender o paliativo conveniente, sobre a capa do catolicismo salvacionista beatificante, como meio a alcançar “os núcleos espirituais”?

O espiritualismo em princípios, meios e fins, se constitui em endosso e manutenção do produto degenerado da sociedade, conforme se deduz do seu objetivo e desempenho, conflitando com o fraternalismo mais legítimo, que é a ação inobjetiva social e humana, bem caracterizada na alegoria do “Grande Julgamento”.

“Quando fizestes aos pequeninos, a mim o fizestes”, e não me conhecendo, não albergastes qualquer interesse de recompensa ou vaidade de beatificação além-túmulo, ou vivência em “núcleos rodeados de mentores nimbados de argêntea luz”, não exigindo, portanto, que o necessitado pagasse com sua desgraça o ingresso a tais paramos.

A insinuação do complexo de culpa perante o tribunal interior, bem explorado e mantido pelo processo condicionante, transfere, em verdade, o “santo ofício” do concreto ao abstrato, sob a forma de “quemaderos” umbralinos, isto é, transforma as fogueiras da inquisição em fogueiras no espaço.

Quem fabrica o desgraçado: Deus ou a sociedade? Se a sociedade, o desgraçado é, portanto, fruto de árvore má que deve ser arrancada pela raiz, substituída e não alimentada, porque jamais dará frutos saudáveis.

Os “quemaderos” umbralinos são destinados aos insubordinados e impostos de forma irracional. Não se destinam a concordar com a manutenção da injustiça desenvolvida na Terra, numa tentativa de ser a verdade do espírito evangélico, a qual é simplesmente renovadora, humanitária, igualitária e inobjetiva.

Aqui não entram Engels, Marx, ou Lênin, mas o espírito da verdade evangélica, que encontra nas “comunidades cristãs” dos primórdios, o retrato vivo e fiel . E o resultado prático dos ensinamentos de Jesus se confirma na comoção política, remodeladora da sociedade.

Aqui não entram as ideologias já referidas, como o máximo colimado, porque embora sejam preditas e endossadas no Evangelho consoante a expressão: “Não vim trazer a paz, mas sim a espada”, devemos tê-las como transitórias, visto que contrariam ao elementar aritmético, isto é, a soma dos heterogêneos, resultando na eliminação do oxigênio da vida do espírito, que é a liberdade.

O objetivo máximo introduzido em “Espírito e Verdade” no Evangelho, insiste no inverso, pois parte da unidade social, homem, elevada a nível do mais, de forma espontânea, pela compreensão dos direitos e deveres, fazendo o que se deseja, e isso constitui a liberdade do “ser” no meio que participa.

É, em síntese, a liberdade vivida pela consciência e razão analíticas e dedutivas. É a liberdade vivida espontaneamente, do SIM e do NÃO conveniente ao semelhante, como a si mesmo.

O Evangelho quando entendido em seu espírito, nas verdades contidas nas parábolas, tem o condão de erradicar o complexo de culpa, transformando o homem de galé por excelência e criminoso nato, em filho e criatura livre, destinada a progredir sempre, em conjunto fraternalista, partindo da ignorância, em busca de si mesmo, isto é, em busca da inteligência, em termos de evolução.

A esta altura terão desaparecido os “quemaderos” e “Torquemadas” do plano espiritual, porque não mais encontrarão na razão e consciência esclarecidas, a vulnerabilidade que a ignorância e a vaidade permitem.

O Evangelho quando entendido na sua essência, tem a doce magia de inverter conceitos, dando tintas de realidade ao espiritualismo, quando substitui as promessas ilusórias, pelo plantio da semente da árvore da ciência conscientizadora no íntimo da criatura, e isso constitui o céu real diante dos resultados e sensações experimentadas.

O espírito é o que é, esteja onde estiver, desde que se constitua nesse céu, vive e o exterioriza em frutos, dando e dando-se inobjetivamente:

– Por que destes de beber àquele homem?

– Porque ele tinha sede.

Eis um exemplo do que é a exteriorização natural do que já é, pelo que é. Somos o que sentimos e não o que pensamos ser. Por esta via nos manifestamos e, desde que esta via seja o céu real, passamos a agir em concordância com ela. Por “céu real”, devemos entender o íntimo da criatura . (Ver “O grande julgamento”)

Disto depreendemos que o verdadeiro espiritualismo se desenvolve nas paralelas estreitas do trabalho de conjunto, em termos de progresso e ascendência científica, no aflorar constante da inteligência do homem, em busca sempre do melhor, no ambiente da sociedade.

 

O  ESPÍRITO  DA  VERDADE

O que há de verdade no”Espírito da Verdade”?

Nada, senão a expansão de uma moral com raízes na formação religiosa arcáica  e por isto, desvinculada de “fato e verdade” da moral evangélica na sua legítima essência. Expansão de uma moral face à permanência na superfície das regras fundamentadas nas exigências da época, fazendo assim prevalecer a expressão já referida “POR ENQUANTO. . . .”

Apregoar o continuísmo é destruir o espírito do próprio Evangelho.

Se os espíritos comunicantes, independente do título mobiliárquico que ostentem e de fronte aureolada do mais alevantado saber, falam da esmola, alimentando a ideia de recompensas exteriores no além-túmulo, pelo próprio testemunho do fato, não merecem crédito. Mesmo que essa esmola se apresente consubstanciada em realizações faraônicas, comportável socialmente, pois desperta o subjetivo elitista, traçando uma linha limítrofe entre o mendigo e o esmoleiro, não correspondendo portanto, ao enunciado do Mestre Nazareno: “Fazei a outrem na medida exata daquilo que para si desejais”

Podemos mentir a todos, menos a nós mesmos. Dizer “irmão” não basta, o importante é viver como irmãos. Dizer que o evolucionismo religioso tem como prova irrecusável a manifestação de uma plêiade de espíritos “desencarnados” cujo dizer esclarece e consolida o modo de vida no etéreo, não encontra solo firme para aceitação, desde que seja examinado à luz da razão fundamentada em fatos extraídos do realismo estrutural da sociedade.

A filosofia e moral do evolucionismo religioso não disfarçam o fundo eminentemente católico, eivado de exortações místicas e esmoleiras, aprofundamento e dinamização do complexo de culpa, além dos prometimentos dentro do eterno seletivismo promovido pela indecência da bajulação deusística.

“Ninguém transgride a Lei de Deus impunemente”. Mas, que é Deus?

– “Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas”.

Sem que se apele para o sofisma “desígnios inescrutáveis” e como existem leis que regem os fatos em que se apoia o evolucionismo religioso, perguntamos:

– Será que a Inteligência Suprema desconheceria no ato da criação, as consequências naturais da ignorância em que criou o homem? Ao legar-lhe uma missão, não considerou as suas limitações, exigindo uma auto-superação impossível?

 

(recebido por via mediúnica)