Penetrando no campo da alta matemática e elevados conceitos, a evolução necessita de fórmulas de elevado padrão científico-racional, o que se torna possível em relação ao homem atual, operando na singeleza da aritmética, chegando, por vezes, a quesitos irrespondíveis em nível de razão, o que determina a permanência da incógnita, sintetizada na expressão “desígnios de Deus”.
Só este fato coloca os princípios evolutivos em consonância com o conselho evangélico da busca da verdade, o qual não determina até onde deve penetrar e quando deve parar, complementando-se ainda em que: “Tudo o que oculto está, será revelado”. Como a revelação será, obviamente, da verdade, e a busca da mesma compete ao homem, tem-se como certo que esta será ininterrupta, porque, sendo evolução, cada passo evolutivo não se completa como verdade, mas se constitui, em um segmento de verdade a ser somado ao posterior, num sucessivo cujo término só ao Criador é determinável.
Tudo quanto, pois, não se ajustar a razão e a lógica do homem como homem, a quem foi proposto a busca da verdade, ainda como humano, não pode sofrer o pseudo-soluto “desígnios”, mas sim constituir-se em incógnita a ser definida quando no tempo em que o nível da razão e ciência-consciência humanos o possibilitarem, sob pena da adoção inconsciente do já dito chavão como dogma.
Resulta, ainda, não estar determinado com suficiente clareza quais o meios de que o homem deve valer-se para a busca da verdade libertadora: se científico, religioso ou simplesmente consciencial, sendo óbvio que aquele que mais se ajustar á razão, á lógica e, sobretudo, á justiça, será a via certa do acesso.
Não será suportável, portanto, expor e advogar como verdade indiscutível, tudo que se contraponha a tais princípios, por fugirem á realidade do dia a dia e ao autoprocesso científico-evolutivo, que viveu, vive e viverá a humanidade no decurso dos milênios, único recurso ao seu alcance face é ordem natural vigente em toda a criação, em pré-traços condizentes ao tempo, estado e fase evolutiva em que se encontre, numa demonstração irrevogável da “Superior Inteligência” condutora, legisladora, equânime e justa.
O homem, no estado consciencial pré-evangélico em que se situa atualmente, não pode ser condenado em suas concepções, por estarem arraigadas num pretérito multimilenar, em que só o tempo, determinado a desenvoltura intelectual, irá carreando a contextos novos e promovendo sua conscientização como um ser destinado a evoluir sempre no conjunto, do conjunto e pelo conjunto, já que ninguém é feliz na solidão, ou está satisfeito havendo disparidade de cultura, consciência e de moral. Como manda a fraternidade que não abandonemos os inferiores, basta, portanto, raciocinar.
Ao discordarmos do padrão conceptual vigente do “crime e castigo”, ainda que dissimulado pela linguagem dócil e condicionante, bem como do “paternalismo individualista”, ainda que pretendendo ajustar-se ao Evangelho, “Aquele que….” além do inexato do educar ou do seu sinônimo evoluir, pelos padrões medievais ou anteriores da tortura física ou moral, incomparável com a própria inteligência comum, humana, que não é suprema, não nos demove hastearmos nova bandeira, provocando cisão, ou arvorando-nos em novos “codificadores”, mas sim convidar os que em realidade têm a mente livre, a razão esclarecida e o desejo da busca pela busca, para a sua libertação em moldes compatíveis ao seu estado.
Não nos propomos a dar aos “condutores”, quer encarnados ou não, novas direcionais pelo raciocínio, estabelecendo analogia entre o que dizemos e o que não endossamos, mas deixar a eles, de per si, determinar suas diretrizes.
Ao dizermos da dor como propulsor indireto genérico, estamos dando ao homem o senso de luta, de aceitação dos desafios do agreste do orbe a que todos atinge, libertando-o da odeia de ser o “escravo”, cuja única responsabilidade é submeter-se ás “causas e efeitos”, sem se tem o livre-arbítrio de lutar ou estagnar voluntariamente nos círculos reencarnatórios, porque em todos são espíritas ou evolucionistas, mas a evolução a todos abrange.
E lei natural que toda realização não se efetue sem a experiência dos acertos e erros, portanto, como entender que e, se tratando da evolução, único motivo do existir, não prevaleça o mesmo processo?
Toda realização é fruto da dinâmica operacional, requerendo energia, inteligência e oportunidade.
Se devemos dar ao nosso semelhante, sendo humanos, “setenta vezes sete” oportunidades como produto da compreensão e tolerância, quantas setentas vezes até sete mais deverá dar á sua criatura o próprio Criador?
Importa entender em que todo espírito está em processo de educação e, porque se trata dos mesmos homem, compreende-se os desacertos advindos do desconhecimento, da inexperiência, além de se proporcionar meios e métodos destinados a conduzir o educando ao campo da compreensão e assimilação, o que não se conseguirá substituindo a escola pela masmorra, o livro pelo azorrague, o que não traduz nem compreensão e nem tolerância.
Sempre que nos reportamos á evolução, devemos ter em conta que o evoluendo é criatura humana, de cuja análise se poderemos entender o quanto ainda tem a palmilhar no terreno da experiência reencarnatória, errando e acertando sempre em busca da meta pré-determinada.
Penetrando os meandros da história, podemos sentir que o homem é um recém-saído da irracionalidade, sendo portanto, portador da relativa razão e, em menor grau, de consciência, desde que tenhamos “consciência” e “razão” em termos de evolução, o que traduz a autorresponsabiilidade ou do arrazoar em foro íntimo.
Dentro da jurispridência encontra-se o conceito imunitório da auto-defesa comprovada, o que procede como justiça humana. Todavia, estribado no princípio evolutivo, tanta vítima como réu comumgam na mesma faixa evolutiva. Em cujo perímetro deve se “oferecer a outra face” e não “temer os que matam o corpo e nada mais podem fazer” (Jesus). Se a “Justiça Divina” houvesse substituído a compreensão e tolerância por parte ao Criador, o réu e a vítima estariam passíveis de justiça, visto que a vítima errou em termos de sociedade e o outro, o réu, em termos de evolução ou Evangelho. Vemos, portanto, que contingências ondulatórias colocam o homem como vítima ou réu e, portanto, o que se chama de razão é uma cosequência das mesmas, e não um módulo íntimo permanente, construtivo, independente de ocasião ou motivo (razão evolutiva). Basta, portanto, raciocinar.
A fera mata e alimenta-se da vítima, é um imperativo natural. O homem mata e, se não satisfez o ventre, encontra sempre “uma razão” para o ato e assim, temos o rol dos delitos comuns individuais e dos coletivos que são as chamadas guerras, em função da “razão” política e econômica. Se o homem mata, é porque ainda é capaz de tal procedimento, o que demonstra a sua mente primária, ensaiando os primeiros passos rumo á razão básica.
Ao tratarmos da evolução, devemos entender o homem como ele é e não como deve ser, Isto quer dizer que se ele mata e tem compreensão de que não deveria fazê-lo, ainda assim não consegue, porque não tem a competência evolutiva para refrear-se em “razão evolutiva” e superar a “razão motivo”, para não matar.
Comparativamente, os que são tidos como portadores de “taras” sabem o mal que praticam e, entretanto, submetem-se inexoravelmente á sua prática, ainda pela “razão-motivo” próprios.
Podemos comparar todo ato que incorra em desabono, como tara, mesmo que ocasional, pois que permite o afloramento de tendências incubadas, mas não superadas, do período irracional, comportável á faixa evolutiva do homem, e mais ou menos acentuadas como decorrência do maior ou menor número de encarnações educativas.
Circunstâncias pré-estabelecidas permitem ao homem o auto-processo evolutivo e somente dentro dele lhe é permitido o livre-arbítrio.
Na presente época, o chamado”homem-petróleo” necessita exteriorizar-se e assim, inicia-se um circunstância em que será dinamizada a consciência, a ciência e a razão em busca de solução atinentes á sobrevivência, o que constitui o referido auto-processo, levando o homem a sentir a necessidade de cooperação irrestrita e incondicional de todos os povos, redundando em maior e melhor aproximação, conhecimento e confraternização.
Este é, em síntese, o inteligentíssimo processo educativo-evolutivo de que se vale o Criador, para que a “sua” criatura, no desabrochar do potencial intelecto de que já se constitui, se autoeduque.
Eis aí o imperativo da dor, razão-motivo de luta, trabalho, raciocínio, despertar constante do ser!
Eis aí a motivação, os meios, as intermináveis oportunidades.
Eis aí a compreensão, a tolerância, a paternidade afetiva e justa, distanciada dos ressarcimentos individualistas de incompreensível parcialidade.
Já que o livre-arbítrio se restringe ao auto-processo dentro das circunstâncias, poderão argumentar que existe o compulsório em princípio, o que não negamos, e a realidade o comprova, tanto pelo acicate da dor em seu sentido genérico, portanto indistinto, quanto pelos eventos históricos promoventes, o que nos dá a entender que nada está acéfalo e relegado á desordem.
A restrição do livre-arbítrio está contida na possibilidade do seu uso de acordo com o nível evolutivo de cada faixa, dentro da qual, pelas leis sociais, o próprio homem o limita, não só no sentido das penas aplicáveis aos defeitos, mas também na amplitude em que se desenvolve o auto-processo, não permitindo que a individualidade permaneça indiferente aos ditames da época, ainda que comporte certo grau de tolerância diminuta e constante, face ao ditado pelas necessidades de solução criadas pelos agentes circunstanciais.
Na ordem vigente, em toda criação o homem não é espécie distinta, mas alçada do mínimo somático admissível a bípede pensante, visto que o espírito é “um” só, não como “um” unidade, mas “um” como inteligência a ser desenvolvida pela senda da evolução, portanto, como “um” constitutivo, idêntico desde o princípio, em todos.
Portanto, inexiste em toda criação espécie superior ou inferior, mas sim gradativos ascendestes ininterruptos e interligados pela cadeia evolutiva, e pela qual, compulsória ou voluntária dentro do auto-processo, constituem-se em cooperantes, servindo o homem de pasto ao mundo microbiano e os animais, de alimento ao homem.
Aqueles que nos leem, sem ideias preconcebidas ou mentes condicionadas, podem perceber que não mudamos o fundo em função da reencarnação e evolução. Não anuímos ao processo “dor”, por entendermos ser o negativo justicialista que pretendem dar á mesma, e procuramos trazer o raciocínio do homem á realidade onde não cabe a fantasia que condiz e se ajusta, sem reservas, ao que chamam de “justiça, bondade e inteligência suprema”.
Ao referirmo-nos ao Evangelho, não torcemos a verdade direcionando-a ao convencional, mas trouxemos á luz uma interpretação puramente evolucionista, e talvez isso venha a se constituir o ponto de desencontro entre o vigente e o que expusemos, sem contudo, pretendermos a aceitação sem análise consciente.
Pretendemos, isto sim, alijar do homem o “meã culpa, meã máxima culpa”, que é muito próprio do “escravo”, do “convicto” e com raízes no lacaísmo á “majestade divina romana” , e conduzi-lo pela consciência que lhe pertence por direito de filiação, filhos de Deus.
Discordamos, sim, do parcialismo, porque para o Pai, todos os filhos são iguais, não imperando, portanto, o princípio deuseístico e católico da “graça” plea submissão aos caprichos da divindade e que dentro do reencarnacionismo encontra eco, ainda que muitos queiram negar.
Procuramos, ainda, conscientizar a criatura do seu papel como simples cooperador do todo, único meio admissível e real para sobrepor-se aos desafios constantes do orbe onde está, colocando-o com razão e motivo acionador positivo.
Portanto, nada de novo acrescentamos, nada suprimos.
Irmão Anthero (recebido por via mediúnica)