62 – O Evangelho, caminho do amor

Nota-se no planeta Terra, um desequilíbrio na compreensão natural entre os homens. Guerras, não totais, mas parciais, surgindo aqui e ali, até como focos de discórdia, vêm, dia a dia, tornando-se mais frequentes, mais cruéis e impiedosas. Grupos organizados, despidos de qualquer senso de piedade, de humanidade, verdadeira aberração mental, destroem, matam, arrasam sem mais preâmbulos, sem aviso, usando mesmo do fator surpresa, não poupando ninguém, sacrificando um número elevado de inocentes, juntamente com aquele objetivado.

São atitudes desconcertantes do ser humano, no campo do entendimento entre os responsáveis pela condução das diversas nações. Não há mais um acordo. O bom senso parece ter desaparecido do orbe terrestre. Campeiam atitudes ocultas. Fala mais alto o interesse escuso, quer num grupo diminuto e até entre nações. Em suma, o sangue corre como água. A desarmonia é patente. Os desentendimentos de toda ordem estão aí para quem quiser ver a olho nu. Os vícios de toda sorte campeiam desabridamente no seio da sociedade. A falha toma rumos imprevistos, ou de consequências imprevisíveis. A aflição individual ou coletiva é indisfarçável e, diante destes desencontros, ocorre-nos as seguintes perguntas: Terá a humanidade vivido até o presente momento, iludida quanto aos preceitos de fundo moral? Terá sido freada por filosofia que não a conduziu a parte alguma, senão a este estado de coisas?

Não existe nenhum erro em afirmar que assim o foi. Não existe nenhum erro em afirmar que os responsáveis pela condução das massas, em sua maior parte, não souberam traçar os planos e nortear. Mais de dois mil anos são passados e o Evangelho de Jesus, deturpado, amoldado a interesses de grupos e de castas.

Ensinamentos de outros filósofos colaboradores de Jesus, que o antecederam e que o precederam, também não encontraram o eco definitivo na mente dos seus seguidores, e a consequência aí está.

São os tempos preditos. Não que houvesse obrigatoriedade da existência destes tempos. Houve predição, mas não houve uma condenação a que a humanidade passasse por isso. Previu-se, profetizou-se, porque assim seria, em virtude da vasta ignorância em que permaneceu e ainda permanece a mente humana.

Aqueles que pontificaram como lutadores, desbravadores, que imprimiram por todos os meios a verdade, receberam como prêmio, a natural gratidão humana : o suplício.

Dizem os reencarnacionistas, numa assertiva comum e chã, que : “Quem pelo amor não vier, pela dor virá”. Tomemos estes termos e procuremos estendê-los no horizonte comum da humanidade, sem um limite traçado, até onde seja possível, e essa afirmativa terá, mais uma vez, o cunho da verdade.

Desde os primórdios, a humanidade tem sido alertada pela providência do Pai, tem sido despertada por um número incontável de pegureiros que espalharam-se por todo orbe, de uma ou de outra forma, pregando o bem e o amor,  contudo, ela adormece de novo. É de tal forma tacanha ainda, que não percebe o timbre vibrante desse chamamento amoroso.

Jesus e outros receberam seu prêmio num Gólgota infamante. Inúmeros seguidores seus, encontraram o martírio. No campo filosófico e religioso, são incontáveis os mártires pregadores da verdade, que se insurgiram contra a ignorância. No campo científico, temos outro número bastante elevado daqueles que pretenderam trazer para a humanidade alguma coisa de melhor, e foram recebidos como anormais, loucos e sacrificados na cruz da ignorância.

É preciso que agora sobrevenha realmente a dor, porque ela condicionará a humanidade. Teriam sido em vão todos esses sacrifícios? Ou dariam os seus frutos na hora exata, quando a humanidade, premida pelo suplício da dor, se voltasse para esses ensinamentos? Permaneceram guardados no tempo e no espaço, através dos milênios? Negar esta verdade, é negar a inteligência de Deus.

Os tempos reais estão sendo vividos e observamos o desencadeamento do “flagelo”. Por flagelo, entenda-se: dor educativa, corretiva, recuperativa, não a dor castigo, mortificante e nulo para satisfazer o desejo de um Deus, que todos afirmam e que todos sabem, ser “Bondade”.

Observando bem o desenrolar dos acontecimentos na ordem social do mundo, veremos que a paz está minada por todos os lados e em todos ao setores. Portanto, é importante que todos se preparem no exercício cotidiano da tolerância, do amparo ao próximo.

É bem verdade que da “tetrarquia” e da “monarquia” absolutas vieram as leis burladas, não obedecidas, torcidas, ensinando ao pobre, ao miserável, que a fome, a miséria, a humilhação, a escravidão, eram condições de primazia para entrada no “reino do céu”.

A humanidade acordou e compreendeu o fundo da mentira, compreendeu a expressão crística do Sermão da Montenha: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão consolados”. “Meu reino ainda não é deste mundo”. Ainda, mas Jesus não disse que nunca seria. Ainda não é deste mundo, mas um dia será.

O Evangelho do Mestre veio para ser pregado aqui na Terra, para que fosse disseminado aos quatro ventos e que, um dia, seria vivido no seio da sociedade, e esta se transformaria.

O Evangelho, entendido, é um manual de trabalho. É um manual constante de luta. È o índice do roteiro. É um mapa de avanço na senda evolutiva. Supõe-se, por acaso, que o Mestre trouxe algum compêndio de utopia ou que teria sido um visionário?

Não espere que a dor chegue. Prefira o caminho do amor.

 

(recebido por via mediúnica)